quinta-feira, 24 de julho de 2008


MINHAS EXPERIÊNCIAS EM WASHINGTON

Durante mais de vinte anos, em Washington, mantive aberto meu consultório, que se dedicava mais particularmente em procurar atender e ajudar casais com conflitos matrimoniais e das mais de mil pessoas que atravessavam sérios problemas de relacionamento, a tônica, a principal causa das tragédias humanas e os grandes e desnecessários desastres se centralizavam, sobretudo, na cegueira comportamental provocada pelo fanatismo religioso causado essencialmente pelo que sempre denomino de “a ética puritano protestante”, esse mesmo desastroso e cruel comportamento social que hoje responde pela burrice, pela estupidez e pelo descalabro dos acontecimentos que envolveram o presidente Clinton e o impiedoso promotor Kenneth Starr.
Naturalmente que este artigo, ( por sua limitação de espaço e como o que me proponho é apenas entreter o leitor interessado em peculiaridades da vida humana) não examinará os dramas semelhantes que ocorrem nos matrimônios ou na vida sexual de brasileiros com detalhes completos, uma matéria que me proporcionaria divertidos artigos durante várias semanas. Contudo, apenas com o propósito de mostrar umas pequenas regrinhas nunca observados, mas que têm tremenda importância no relacionamento amoroso homem-mulher, eis aqui algumas das leis da natureza (leis que não são feitas nem por homens ou por deuses, mas que têm que ser obedecidas e consideradas quando se inicia o processo amoroso do acasalamento) e que quando não levadas em consideração conduzem ao desastre :

ALGUMAS DAS SURPREENDENTES REALIDADES

1 - o matrimônio é apenas um forma cultural visando atender a um instinto animal. Não existe nada divino nem sagrado nessa reunião. Para se procurar encontrar uma fórmula que proporcione o mais elevado nível de felicidade entre homem e mulher, o casamento somente deve ser estudado e analisado a partir da premissa científica verdadeira de que o homo sapiens é apenas mais uma espécie animal no planeta e seu comportamento nesse acasalamento deve ser estudado como animal e não (conforme se supõe equivocadamente) por ser o homem supostamente filho de Deus.

2 - Dentro do matrimônio ( ou do relacionamento sexual de um casal), existem certas leis geneticamente determinadas e que não deveriam surpreender a ninguém, caso a matéria fosse regularmente ensinada a partir do próprio curso ginasial. Por exemplo, a fêmea das espécies quer SEMPRE A PROPRIEDADE, NUNCA O PROPRIETÁRIO !. Este apenas vem no “pacote’. As fêmeas da gazela Thompson, no Serengeti na África, como os pássaros nos ninhos e um vasto número de mamíferos fêmeas somente se acasalam com o s machos “proprietários”, isto é, aqueles machos dominantes que ocupam o pasto mais saboroso e o de melhor visibilidade na campina africana. Um divertido corolário social no caso do homo sapiens é a ingênua surpresa ( e revolta) masculina ao julgar que a mulher não tem caráter por preferir o homem feio mais rico, ao homem bonito mas sem dinheiro no bolso. Se eu passear a pé pela Avenida Atlântica no Rio usando uma calça jeans num domingo de sol e com dois milhões de mulheres na praia, se tiver sorte duas olham para mim. No entanto, se minutos depois eu transitar pela mesma praia dirigindo uma Mercedes conversível do ano, dois milhões me darão toda a atenção. Essa é a mesma forma social das gazelas Thompson na África

3 - Um erro feminino generalizado é esperar “fidelidade” do seu homem ou marido como algo garantido e inviolável. A maioria dos machos das espécies (com raríssimas exceções, conforme é o caso do albatroz ou do lobo do Alasca, por razões que não posso descrever por falta de espaço) são todos polígamos por um comando genético e nenhuma lei dos homens modificará essa característica. Um homem casado e sério poderá, por força das pressões sociais, do medo do escândalo, por uma fé religiosa fanática, por falta de oportunidade tentadora e por uma meia dúzia de outros entraves sociais de pouco valor geral, manter-se fiel a sua companheira. Contudo, trata-se de um “fidelidade” perigosa, instável e insegura, que tem tudo para falhar a qualquer momento. A fidelidade masculina nunca foi nem nunca será uma condição genética ditada pela natureza do homem. Tola portanto é a mulher que pensa que este, por decisão própria, será fiel a ela. A mulher, por sua vez, exibe uma maior percentagem de fidelidade, não porque seja geneticamente diferente do homem, mas sim porque está mais preocupada em “por os ovos e chocá-los no ninho”, isto é, cuidar da família. O sexo passa a ocupar segundo lugar, quando o instinto animal da maternidade está presente e isso é o que normalmente ocorre.
A DIFÍCIL ARTE DO CASAMENTO

Texto de Mário Giudicelli

( PRIMEIRA PARTE )

(A segunda parte segue no próximo número deste jornal)

Uma das muito curiosas características que observei ao visitar o Brasil depois de mais de 40 anos vivendo nos Estados Unidos pode mais ou menos ser explicada da seguinte maneira: uma pessoa compra uma máquina de cozer, mas nunca pensa em ler o livro de instruções. Se eu compro um brinquedo de montar para meu filho, jamais penso em ler as iguais explicações para sua montagem correta. Em outras palavras, a maioria das pessoas acha que “é fácil, dar um jeito”. O resultado é que, com frequência, carros, os brinquedos ou aparelhos eletrônicos são mal montados, as cartas de correio são mal endereçadas, os aparelhos funcionam mal e muita gente toma um forte choque elétrico porque não leva a sério o isolamento dos fios.
Esse hábito de fazer coisas sem a preocupação prévia de saber se tenho condições técnicas ou profissionais para tomar determinada providência se aplica em todos os setores da vida brasileira. O público toma remédios, sem se importar em ler a bula e, muito menos ainda, em visitar o médico para saber se não adquiriu a droga errada.
Com base nessa curiosa experiência e comparando o modo de viver do público nos Estados Unidos e sobretudo quando me recordo das severas leis que existem por toda a parte, onde as tomadas elétricas de parede são cuidadosamente montadas com um fio terra extra para proteger o público contra choques mortais, enfim, com todo esse cuidado com as exigências mais ou menos generalizadas ( e quase sempre obrigatórias) de que o público norte-americano seja informado corretamente de como deve proceder, uma das mais espantosas experiências que observo no Brasil é a simplicidade e a facilidade com que as pessoas se casam - e quanto menos instruídas, mais fácil é esse casamento. No entanto, essa relação matrimonial , de tão vital importância na vida dos seres humanos, não apenas se torna demasiado simples de realizar, como aqueles poucos que podem ou poderiam ajudar o público a informar-se sobre a seriedade e a importância desse ato social não são considerados ou consultados, enquanto que são precisamente os menos qualificados que se intrometem num campo para o que nada sabem ou nada entendem. Aqueles poucos que decidem obter conselho em alguma parte, dirigem-se, por exemplo, a padres nas igrejas ou a pregadores de outras religiões, mas ninguém pensa em procurar um sociólogo, um sóciobiologista, um psicanalista ou um profissional formado em medicina. É mais fácil ler um horóscopo, fazer uma boa macumba, ler cartas de tarô, ou qualquer outra vigarice pseudo-científica em vigor hoje em dia, até mesmo entre certas senhoras apresentadoras de programas femininos na televisão.